correio sentimental

Eis que é primavera, novamente, propondo a nós, amantes, a era das flores, do amor e do acasalamento…

… na verdade, a estação do ano nada tem a ver com a libido, e tudo não passa de uma jogada comercial para explorar o sentimentalismo banal que a maioria das pessoas insiste em alimentar, as lojas venderão mais, a hipocrisia continuará reinante, além do que, odeio primavera, odeio flores e tudo mais que me lembre pessoas…

… com as águas límpidas e claras…

… amarelas, poluídas e gosmentas…

… correndo pelos rios despreocupados. Sou recém-formado, jovem, saudável, …

… consumo apenas três tipos de drogas alucinógenas e dois estimulantes, que vou intercalando no decorrer do meu dia, conforme meu humor, e você neném, será minha vitamina, meu ar puro, portanto, venha preparada ou não perca seu tempo…

… com um emprego estável e bem remunerado, a espera de uma criatura encantadora como você…

… talvez eu apenas queira culpar a todos que me fizeram mal nesses anos todos, pelas coisas que não pude fazer, pelas malditas obrigações, pela corrida desesperada atrás de bens, bens para te enxergarem, e aquela merda toda de ascensão social, mas também não estou certo disso…

… estou tão ansioso que não vejo a hora de te encontrar e nos conhecermos…

… na verdade eu não me importo. Um conselho: fuja de casa, passe fome e frio, durma debaixo de uma ponte, peça esmola, arrume uma seringa e tome uma dose de uma porcaria qualquer, ganhe um sorriso temporário nesse rosto amargurado, talvez você seja mais feliz…

… se você nunca encontrou um rapaz respeitador em sua vida, se você é uma mulher desacreditada no amor, escreva para mim. Não tenha pressa se não quiser, eu sou paciente e estarei lhe aguardando!

… mas que porra eu estou tentando dizer? Eu estou tão louco, tão chapado que passei a me arranhar até sangrar, quase arranquei minha própria língua, e consegui quebrar todos os azulejos apenas com a minha testa; o tempo é uma coisa rastejante e interminável, cada segundo parece o anterior, as coisas não param de girar, e eu amarrado, machucado, precisando de ajuda para me ajudar, meus amigos, minhas garotas, minhas coisas, tudo é perigoso, tudo eu perdi, e mesmo com as luzes apagadas não consigo deixar de me ver, de me sentir um idiota, um nada, algo altamente contagioso, e o meu incrível e maravilhoso dom de ser sempre o pior nas coisas em que me esforço para ser o melhor, e ninguém, realmente ninguém nunca se importa, por mais que eu me esforce para melhorar, sempre acabo me conscientizando de que nunca conseguirei dividir isso com alguém, e quando caio na real, vejo que já é tarde e que falei demais…

Beijos,
seu Príncipe Apaixonado.

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